Comentários sobre "Os ultra-ricos preparam um mundo pós-humano", de Douglas Rushkoff

A partir da leitura do artigo supracitado, é possível fazer críticas à tendência individualista dos grandes CEO's e ao caráter mercadológico de grandes empresas tecnológicas. Entretanto, essas críticas são um tanto quanto óbvias; grandes empresas e empresários seguem a lógica do capital, estritamente, e desse modo a ciência caminha para o beneficiamento das coorporativas, e não da sociedade. Não existe filantropia entre a iniciativa privada.
Desse modo, é racional que grandes CEO's, ao prever desastres ambientais e socias causados no Antropoceno, priorizem sua sobrevivência ideológica por meio das tecnologias mais avançadas, por eles criadas e aperfeiçoadas. Contudo, são essas mesmas grandes coorporativas as responsáveis pela destruição em massa do conceito de humanidade e força coletiva.
O indivíduo não tem culpa da destruição da Amazônia, só por comer carne.O indivíduo não pode ser culpabilizado pelo trabalho escravo no Sudeste Asiático, somente por ter um Iphone. Não pode haver um autoflagelo coletivo indiferenciado.Se o Evento realmente acontecer, não é por que você lava seu passeio com água corrente.
É por que as empresas que manipulam nosso dia a dia,  como a Amazon,Apple e Microsoft desestimulam qualquer tipo de humanidade crítica: a tecnologia impulsiona nosso vícios e desejos; ela empobrece, e aumenta a disparidade social.E as empresas de bilionários individualistas crescem cada vez mais, rejeitando nosso esforço individual, coletivo e combativo diário.
Entretanto, a lógica do capital não é um fenômeno caro ao século XXI; no Brasil, temos exemplos de super faturamentos empresariais em detrimentos de acessos socias há séculos.Evento mais recente, no quesito de transporte e circulação, é possível apontar a escolha do governo do então presidente, Juscelino Kubischek, pelo modal rodoviário na década de 50, em detrimento ao transporte ferroviário,hidroviário e multimodal. Tal manobra política se relacionou diretamente com a instalação de montadoras no país, multinacionais automobilísticas que moldaram no brasileiro o sonho do carro próprio, desestimularam o transporte coletivo nas cidades, estimularam o individualismo e o isolamento e são responsáveis diretas pelos problemas de circulação e problemas ambientais nos grandes centros urbanos.
As empresas e seus empresários que se isolem.Não podemos os deixar nos programar para a desumanização.

Comentários

  1. Com certeza as grandes empresas e a busca pelo lucro são as maiores culpadas pelo caminho que a sociedade está trilhando. Mas penso que, por mais que seja trabalho de "formiguinha" quando comparadas aos gigantes do Mercado internacional, pequenas ações podem fazer a diferença em prol de um mundo melhor. Até porque ações de "cidadãos comuns" geram demanda de mercado, então, por exemplo, se o povo passa a comprar mais hortaliças sem agrotóxicos, a tendência é que o mercado foque mais nesses produtos. É muito difícil uma empresa mudar sem uma pressão externa. A esperança está no fato de que a sobrevivência do mercado depende dos consumidores!

    ResponderExcluir
  2. Slogan's do tipo "Faça sua parte! Proteja o Meio ambiente" fomentam esse pensamento no indivíduo simples, de que ele precisa fazer a parte dele. E realmente, precisamos tomar consciência e pensar em como deixaremos o planeta se continuarmos usufruindo dele da maneira como estamos. Só que quando comparamos os impactos que uma empresa causa ao desmatar e extrair com os impactos que um ser humano vai causar quando comprar um Iphone, são assustadoramente muito maiores. Então cabe também aos governos vistoriarem o que essas multinacionais andam fazendo.

    ResponderExcluir
  3. Certamente, percebe-se mais um estímulo à atitude individual do que às grandes empresas, às grandes propriedades agrícolas quanto à conservação do ambiente. Campanhas de consciência no consumo de água, por exemplo, dão enfoque à necessidade de restringir-se o tempo de banho, iniciativa igualmente plausível para preservação dos recursos hídricos, mesmo que essa seja mínima frente ao quanto de água é gasta nas cadeias produtivas.

    ResponderExcluir
  4. Muito interessante esse paralelismo feito com a optação pelo transporte ferroviário em detrimento aos outros no governo JK e as consequências sociais e ambientais geradas no país devido ao interesse das montadoras automobilísticas.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas